A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, marcou presença no Rio de Janeiro com uma agenda que reflete a diversidade religiosa do Brasil. Na quinta-feira, 3 de julho, ela visitou o terreiro Ilê Axé Omiojuaro, em Nova Iguaçu, acompanhada das ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Margareth Menezes (Cultura). O objetivo foi o lançamento do edital Mãe Beata Justiça Ambiental, voltado para mulheres de religiões de matriz africana, com foco no combate ao racismo ambiental. Janja destacou a importância de fortalecer iniciativas em “territórios de fé e resistência”, enfatizando o protagonismo feminino na preservação ambiental e na luta contra as mudanças climáticas. O evento também incluiu uma roda de diálogo sobre a valorização das tradições afro-brasileiras, reforçando o compromisso com a igualdade racial e a ancestralidade.
No dia seguinte, sexta-feira, 4 de julho, Janja participou de um culto com mulheres evangélicas na mesma região, demonstrando sua abertura ao diálogo inter-religioso. “Eu me emociono nos terreiros, me emociono numa igreja católica, eu me emociono na igreja evangélica quando eu sinto que aquilo traz paz”, declarou a primeira-dama, reforçando sua conexão com diferentes expressões de espiritualidade. A agenda dupla, que alternou entre o candomblé e o culto evangélico, evidencia uma tentativa de promover a tolerância religiosa em um país marcado por episódios de intolerância, especialmente contra religiões de matriz africana. Dados recentes apontam que o Rio de Janeiro registrou um aumento de 80% nas denúncias de intolerância religiosa entre 2022 e 2023, com destaque para ataques a terreiros.
A presença de Janja em eventos religiosos distintos no Rio reflete não apenas uma estratégia de aproximação com diferentes comunidades, mas também um esforço para combater o racismo religioso e promover a diversidade cultural. A iniciativa do edital Mãe Beata, que premiará 54 ações de comunidades tradicionais, reforça políticas públicas voltadas para a justiça ambiental e a valorização da cultura afro-brasileira. Contudo, a alternância entre agendas religiosas também levanta questionamentos sobre o equilíbrio entre o respeito à laicidade do Estado e a promoção de pautas identitárias. Em um contexto de polarização, as ações da primeira-dama buscam construir pontes, mas o desafio de enfrentar a intolerância religiosa no Brasil permanece urgente e complexo.
Fonte: Revista Oeste