O presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz Pereira, delineou nesta quarta-feira (22) as bases de sua futura política externa, destacando que seu governo priorizará vínculos com nações em que a democracia seja um pilar fundamental.
“Nosso recado é claro: colocar a Bolívia no mundo e trazer o mundo à Bolívia. Estamos fazendo todos os esforços nesse sentido”, declarou Paz à imprensa internacional após sua vitória no segundo turno histórico realizado no domingo.
Com quase 99% das urnas apuradas, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) confirmou a vitória de Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), com 54,73% dos votos, contra 45,27% do ex-presidente Jorge Quiroga (Libre). Em seu primeiro discurso como eleito, Paz pediu união nacional e agradeceu as felicitações de chefes de Estado e representantes estrangeiros, que manifestaram disposição em comparecer à cerimônia de posse marcada para 8 de novembro.
“Até agora recebemos saudações e compromissos de países que compartilham valores democráticos. Minha posição é firme: queremos uma relação sólida, mas apenas com aqueles que entendam a democracia como princípio”, reiterou.
O presidente eleito também indicou que revisará a relação bilateral com a Venezuela, observando que “não compartilha a modalidade democrática” praticada pelo regime de Nicolás Maduro. “A partir de agora, a Bolívia manterá relações dentro do respeito mútuo, mas com países que consideremos verdadeiramente democráticos”, enfatizou.
Paz reafirmou apoio à transição democrática na Venezuela e revelou ter convidado María Corina Machado, líder opositora e vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, para sua cerimônia de posse — gesto que simboliza um rompimento com a linha do Movimento ao Socialismo (MAS), que manteve estreitas alianças com Caracas durante o governo de Evo Morales.
O presidente eleito também demonstrou interesse em restabelecer relações diplomáticas plenas com os Estados Unidos, rompidas em 2008 após a expulsão do embaixador norte-americano. “Os Estados Unidos têm um papel relevante, e vamos restabelecer, se for da vontade de ambas as partes, nossa relação”, afirmou, mencionando um primeiro contato com o subsecretário de Estado Christopher Landau.
Paz agradeceu especialmente à Argentina, Costa Rica, Equador, El Salvador, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Trinidad e Tobago e aos Estados Unidos pelas mensagens de apoio e cooperação. “Vamos buscar um trabalho conjunto de crescimento e desenvolvimento com todos que compartilhem nossos valores”, disse.
Ao comentar a relação com organismos internacionais, defendeu cautela: “Não estou fechado a dialogar com as instituições multilaterais, mas é melhor fazê-lo com a casa em ordem — quando se chega pedindo crédito, as condições acabam virando amarras para o desenvolvimento.”
Enquanto inicia a transição com o governo de Luis Arce, Paz anunciou que sua posse contará com ampla presença internacional e marcará o início de uma nova era para a Bolívia, centrada em valores democráticos, equilíbrio e cooperação responsável.
