O novo presidente do PT, Edinho Silva, chamou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de fascista, nazista e racista e que estaria articulando uma Terceira Guerra Mundial através de tarifas comerciais. Os ataques foram feitos em meio às tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de uma aproximação após a imposição do tarifaço de 50% aos produtos brasileiros exportados para o país norte-americano.
Edinho Silva assumiu a presidência do PT em meados de julho com o apoio de Lula e um discurso voltado a um discurso mais aberto e menos radical. No entanto, as duras críticas a Trump colocam essa intenção em dúvida.
“Não recuo um milímetro da minha caracterização do Trump”, disse Edinho em entrevista à Folha de S. Paulo publicada neste sábado (4).
Entre os motivos para essa “caracterização” de Trump, Edinho Silva cita o que teria sido uma característica do fascismo pela expansão territorial, em que o mandatário norte-americano disse que iria anexar o Canadá, controlar o Panamá e ocupar a Groenlândia. Já quanto à acusação de racismo, o novo dirigente petista citou a ordem para a prefeita de Washington apagar uma frase em uma rua que dizia “vidas pretas importam”.
Também citou a questão migratória, com as deportações em massa, chamou a parceria com o governo de El Salvador como um “campo de concentração” – uma característica do nazismo –, e o que seria o uso econômico como um “instrumento de coerção”.
“Ele fez da tarifa comercial um instrumento de coerção. Tenho dito que Trump está disseminando a Terceira Guerra Mundial. Que será econômica, não bélica. É evidente que, em uma guerra bélica, como estamos vendo na Ucrânia, no massacre em Gaza, a violência é incomparável, mas a dele vai desorganizar a economia mundo afora, quebrar setores”, pontuou o petista.
Apesar de atacar acidamente o presidente norte-americano, Edinho Silva reconhece que Lula está tentando uma aproximação e que “nunca deixou de sinalizar o diálogo”.
“Brasil quer continuar construindo uma relação com os EUA, como sempre teve. Estamos dialogando com o governante da época. A soberania brasileira não está em negociação. Não vamos abrir mão da defesa das nossas instituições, isso também não está em negociação”, afirmou.
Ainda na entrevista, Edinho Silva atacou outros líderes da direita mundial, como a primeira-ministra Giorgia Meloni, da Itália; o primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria; o partido alemão de direita AfD, entre outros. O petista viajará à Alemanha na próxima semana para encontros com parlamentares do SPD, os sociais-democratas que compõem a coalizão do primeiro-ministro Friedrich Merz.
