Ao lado do governador Cláudio Castro e acompanhado pelo ex-procurador Antônio Carlos Biscaia, de quem foi chefe de gabinete nos anos 1990, o novo procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, assumiu o cargo na manhã desta sexta-feira. Em seu discurso de improviso, o novo chefe do Ministério Público do Rio (MPRJ) destacou a insegurança no estado.
— O Ministério Público estará sempre aberto ao diálogo. O cidadão quer respostas. As respostas têm que ser dadas pelo estado e suas instituições — disse Antonio José Campos Moreira que acrescentou:
— Quando ingressei, em 1987, nossa estrutura se resumia dois andares. Vivíamos numa pobreza quase franciscana. Veio a Constituição Federal que nos deu a autonomia de poderes: administrativa, financeira e funcional. Hoje, as relações com os poderes Executivo e a Legislativo são boas. O papel do Ministério Público sozinho não resolve todos os problemas, mas dentro das suas funções, trabalhar em parceria. Por mais que a polícia se empenhe, não consegue reduzir a violência. Não se pode aceitar um estado loteado por facções. Algo inimaginável, como o consórcio do tráfico e milícia. A chefia do MP, a partir de hoje, precisa, dentro de sua atuação, promover a ação penal. Vamos qualificar a nossa investigação e trazer ferramentas para atuar adequadamente —disse Antonio José.
O novo procurador ressaltou a importância de que não basta prender, ressaltando que a nossa lei é de acordo com países nórdicos.
— Vamos trabalhar, de acordo com cada órgão, tentar trazer um ambiente mais tranquilo. Temos que estabelecer prioridades institucionais. Nós precisamos sair dos nossos gabinetes e voltar para as necessidades dos cidadãos. O MP tem que ser proativo. Temos que estabelecer metas. Estou, governador, fortalecendo o Gaeco, que foi comandado pelo promotor Fábio Matos. Outro problema é a ocupação do solo. Vamos trabalhar com a prefeitura, com o estado. Também estamos criando outros grupos e vamos criar um setor tecnológico para ajudar nesse combate ao crime organizado — anunciou o novo procurador.
Em sua opinião, a vítima de crimes foi abandonada:
— Vítima não tem cor, não tem gênero. Vamos trabalhar melhor para cuidar dessas vítimas. Estou criando uma Subprocuradoria-geral de Proteção à Vítima.
A posse ocorreu na sede do MPRJ, no Centro do Rio, com a presença de dezenas de autoridades do estado, entre eles o governador Cláudio Castro, o prefeito Eduardo Paes e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacelar. Antonio José substituiu o promotor Luciano Mattos no cargo.
O governador discursou sobre as parcerias com o MPRJ sobre os problemas no estado.
— Cada um na sua missão, não com a ideia do estado picotado, mas com a ideia de um estado único, em que todos nós temos a capacidade de dialogar e achar soluções, melhorar a vida do cidadão, tratar melhor o dinheiro público, de resolver problemas, sobretudo em questões como a obra da estação Gávea, uma solução nova, que tivemos que abrir nossas mentes… Deus te coloca, Antônio Jose, homem experiente, experimentado, querido pela sua Casa, num tempo em que o estado está caminhando bem, em que o Rio avança a passos largos — afirmou Castro, que acrescentou:
— Temos um Rio que saiu dos piores números do Brasil, passando a ser o segundo colocado na geração de emprego, o segundo colocado na abertura de empresas, que mais avançou na parte ambiental. O estado que mais reduziu o desmatamento de Mata Atlântica, o único estado do Brasil que aumentou o espaço de Mata Atlântica. Voltamos a ter praias balneáveis, temos comitê de chuvas, que diminuem os problemas causados pela mudança climática… Somos a capital energética do nosso país — disse Castro, sem citar, em nenhum momento, os problemas na área de segurança pública do Rio.
O governador só falou no discurso, evitando a imprensa.
Fonte: O Globo