Michael Smith, músico de 52 anos de idade, está sendo investigado por fraude nos Estados Unidos após usar inteligência artificial para criar milhares de músicas falsas, em nome de bandas inventadas. O homem colocava as canções nas plataformas de streaming e utilizava ouvintes falsos para reproduzir as músicas em massa. Com o esquema, ele faturou cerca de US$ 10 milhões.
Os promotores acusam o músico de roubar pagamentos de royalties das plataformas de streaming por sete anos com a utilização de robôs programados para “ouvir” as músicas milhares de vezes. Smith fez com que os artistas falsos e as músicas feitas por IA chegassem ao topo das paradas de sucesso da Amazon Music, Apple Music e Spotify.
“Smith roubou milhões em royalties que deveriam ter sido pagos a músicos, compositores e outro detentores de direitos cujas músicas foram transmitidas legitimamente”, disse o procurador do caso.
Michael Smith foi preso em 4 de setembro e enfrenta acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. Caso seja condenado, ele pode pegar até 20 anos de prisão. O caso é visto como um marco na investigação criminal envolvendo manipulação de streaming musical.
Como funcionava o esquema de músicas de Smith
Primeiro, Smith criou milhares de contas falsas de streaming usando endereços de e-mail comprados on-line. Eram cerca de 10 mil, algumas terceirizadas com cúmplices contratados quando o processo de criar as contas se tornou muito trabalhoso.
Smith então criou um software para transmitir os singles em loops de diferentes computadores, dando a aparência de ouvintes individuais sintonizando de lugares diferentes, disseram os promotores.
Um detalhamento financeiro que ele enviou a si mesmo por e-mail em 2017 (ano em que o esquema se iniciou, segundo os promotores), indicava ser possível transmitir suas canções 661.440 vezes por dia. A essa taxa, ele estimou, poderia receber até US$ 1,2 milhão em pagamentos de royalties em um ano.
Para evitar a detecção por plataformas de streaming, os promotores disseram que Smith espalhou sua atividade por um grande número de músicas falsas, nunca transmitindo uma única composição muitas vezes. Inicialmente, ele teria carregado composições próprias nas plataformas.
Um ano depois, em 2018, Smith se uniu aos robôs e criou um catálogo impressionante de músicas falsas, junto com o CEO de uma empresa de música de IA e um promotor musical, enviando milhares para plataformas de streaming a cada semana.
Em junho de 2019, ele estava ganhando cerca de US$ 110 mil por mês, com uma parte indo para os cúmplices, disse a acusação. Em um e-mail em fevereiro deste ano, Smith se gabou de ter alcançado 4 bilhões de streams e US$ 12 milhões em royalties desde 2019.
Fonte: Metrópoles