Ignorando as acusações de espionagem, Pequim diz que a ‘reação exagerada’ de Washington é um sintoma da política falida do país
Enquanto muitos no mundo veem o suposto balão espião chinês como um sinal da crescente agressividade de Pequim, a China procura lançar a controvérsia como um sintoma do declínio irrevogável dos Estados Unidos (EUA). Por que outra razão uma grande potência se assustaria com uma frágil embarcação inflável, argumentou a China, se não fosse por uma série de problemas internos, como uma sociedade intensamente dividida e conflitos partidários intratáveis que levam o presidente Joe Biden a agir com dureza em Pequim?
O incidente do balão “mostrou ao mundo quão imaturo e irresponsável — na verdade histérico — os Estados Unidos têm lidado com o caso”, dizia um editorial recente do Diário do Povo, o porta-voz do Partido Comunista.
A propaganda chinesa tentou marcar pontos contra o governo Biden, zombando dele por estar se debatendo, exagerando e tentando flanquear seus oponentes republicanos de extrema direita para demonstrar quem pode enfrentar Pequim. Em nenhum lugar da resposta da China o governo reconheceu o custo do balão para sua própria credibilidade e as crescentes evidências de que estava disposto a espionar seus vizinhos e além.
Em vez disso, na terça-feira, a China procurou mostrar que já havia superado o incidente. Muitas das mensagens do país tendiam a interesses estratégicos em outras partes do mundo. O embaixador da China na França, Lu Shaye, falou em estreitar os laços com a União Europeia (UE) para quebrar a influência dos EUA dentro do bloco. E a China deu as boas-vindas ao presidente linha-dura do Irã, Ebrahim Raisi, em Pequim, onde se encontrará com o principal líder da China, Xi Jinping, em um sinal da visão compartilhada dos dois países de um mundo mais multipolar, livre do domínio de Washington.
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